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Rejeitos de potássio são problema na Amazônia

9/11/2009

...A única fonte produtora no País fica no Complexo de Mina/Usina de Taquari-Vassouras, em Sergipe...

Indústria terá de encontrar uma solução segura para o descarte dos subprodutos da exploração de sal em uma bacia de água doce

A futura exploração de potássio na Amazônia tem como maior desafio equacionar o impacto ambiental, já que a produção em escala industrial vai gerar um grande volume de resíduos. Para extrair o potássio, a indústria perfura canais profundos, por onde injeta água quente para solubilizar os sais minerais depositados na jazida, incluindo o cloreto de potássio e de sódio (sal de cozinha) e outros subprodutos, que depois são segregados. "A questão é o que fazer com a salmoura. O volume de rejeito aproveitado é uma pequena fração da produção total", alerta o geólogo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Cerrados, Éder de Souza Martins.

Em Sergipe, onde a exploração é feita próxima ao oceano, o rejeito é lançado no mar sem ameaçar o ecossistema. O mesmo não pode ser feito em uma bacia de água doce. "Seriam milhões de toneladas. Não é uma solução adequada", afirma Martins. A saída seria a industrialização do cloreto de sódio para uso comercial. Ainda assim, o pesquisador questiona "o sentido de produzir tanto sal".

O Brasil é o terceiro maior consumidor de potássio no mundo, com demanda estimada em 3,7 milhões de toneladas. Isso representa 13,9% do consumo mundial, atrás da China (18,9%) e dos Estados Unidos (16,4%), segundo dados da Associação Internacional das Indústrias de Fertilizantes (IFA, na sigla em inglês). As importações do produto correspondem a mais de 90% da demanda nacional.

A única fonte produtora no País fica no Complexo de Mina/Usina de Taquari-Vassouras, em Sergipe. Na região, o nutriente é encontrado a uma profundidade média de 500 metros, enquanto na região de Nova Olinda do Norte, no Amazonas, calcula-se que o material estaria depositado a cerca de 1.000 metros. "Quanto mais profundo, mais cara a exploração", diz Martins.

Em audiências públicas realizadas entre 2007 e 2008, quando a disparada de preços dos fertilizantes colocou o governo brasileiro em alerta, a indústria mostrou como é alto o nível de investimento neste segmento. Em média, são necessários US$ 2,5 bilhões para implantar um novo projeto, em um prazo de cinco a sete anos. O cálculo considera a base de custos do Canadá, maior fornecedor mundial de potássio, e não inclui gastos com ferrovia, estradas e infraestrutura portuária, nem o entrave ambiental.

ESTRATÉGICO

O pesquisador observa que o governo deverá considerar a questão do ponto de vista estratégico. O Brasil importa cerca de 70% da demanda nacional dos três macronutrientes - nitrogênio, potássio e fósforo (NPK) - utilizados na produção de fertilizantes. "Outros países, grandes produtores de alimentos, importam entre 20% e 40% de sua demanda por fertilizantes. Realmente, o Brasil é o único que tem tamanha dependência", compara Martins. Ele destaca ainda a fragilidade das relações comerciais entre Brasil e Canadá. Nesse cenário, diz ele, haveria sempre um risco da imposição de barreiras.

Fabiola Gomes

O Estado de São Paulo

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