Embora, a princípio, a direção do Shopping Jardins tenha negado a possibilidade de cobrança pelo estacionamento, é praticamente certo que, em breve, os frequentadores terão que desembolsar alguma quantia em dinheiro para deixar seu veículo enquanto fazem compras, se alimentam ou utilizam os espaços de lazer e entretenimento. Os rumores começaram com o início da reforma dos locais de entrada e saída de veículos, com a colocação de estruturas metálicas e coberturas, inclusive no Shopping Riomar, de pronto negados.
No entanto, em nota, a direção do Jardins retificou a informação passada ao JORNAL DA CIDADE, em matéria publicada no último dia 11 sobre a possibilidade de cobrança, afirmando agora que a cobrança pelo uso de estacionamentos “é uma tendência, a exemplo do que ocorre em praticamente todos os shoppings do país, além de universidades, clínicas, aeroportos, centros empresariais e restaurantes, sem falar na chamada zona azul, área de estacionamento cobrado pelos órgãos públicos”, diz a nota.
Outra informação passada é que, no momento, a administração do shopping está organizando o estacionamento do centro de compras para controle do fluxo, com o objetivo de proporcionar maior bem estar e mais segurança aos clientes. No Shopping Riomar, o posicionamento é o mesmo. Segundo informações da Assessoria de Comunicação, as reformas que estão sendo realizadas visam organizar o estacionamento, proporcionando conforto e segurança aos frequentadores, e, quanto à cobrança, a única afirmação passada é que esta é uma tendência nacional.
Prejuízos
Preocupada com os rumores de cobrança nos estacionamento dos shoppings, a diretoria da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (Acese) entende que ela vá gerar prejuízos. O presidente em exercício da entidade, Alexandre Porto acredita que a medida vai prejudicar os empresários dos shoppings, uma vez que o povo sergipano não tem hábito de contribuir com este tipo de taxa. “A medida certamente vai gerar impacto negativo nas vendas dos lojistas dos shoppings”, avalia Porto.
Esse é o mesmo entendimento da presidente da Associação de Lojistas do Shopping Jardins (Alshop Jardins), Gilza Góis, que acredita que a cobrança nada mais é que outra receita para os proprietários do shopping. “É mais uma forma de obter receita e a medida vai afastar o consumidor”, afirmou. Quanto ao argumento de que a cobrança é uma tendência no país, ela disse que não concorda, porque em outros Estados o estacionamento dos shoppings é utilizado por pessoas que deixam seu veículo e vão a outros locais, o que não acontece aqui. “Isso só vai afastar as pessoas que vão ao shopping para passear e que usam o espaço para determinados serviços que são ofertados em outros locais, a exemplo de supermercados”, disse Gilza, ressaltando que o custo de manutenção do estacionamento já é pago atualmente pelos lojistas.
Cobrança proibida
O fato é que a polêmica já está instalada mesmo antes de as direções dos dois shoppings confirmarem, formalmente, que irão cobrar pela utilização do estacionamento. No entanto, já existe uma lei municipal em Aracaju (3.348/2006), que proíbe a cobrança por estacionamento não apenas em shoppings, mas também em supermercados, hipermercados e universidades.
“Mesmo que os empresários aleguem que esta é uma tendência, eles não podem cobrar pelo serviço”, ressaltou o vereador Elber Batalha Filho, um dos que lideraram o movimento pela não cobrança no estacionamento da Universidade Tiradentes (Unit).
O parlamentar acrescentou que se isso passasse a vigorar se configuraria em venda casada, porque ao mesmo tempo em que o shopping venderia o seu produto na loja cobraria também pela utilização do estacionamento. “E se o usuário não quiser pagar pelo estacionamento e optar por deixar seu veículo do lado de fora, que transtorno isso vai causar ao trânsito, pois ele não é obrigado a pagar”, questionou Elber.
Segundo o vereador, o próprio Plano Diretor de Aracaju estabelece que quando um empreendimento dessa natureza for construído ele tem que ter um número de vagas suficiente para os frequentadores, para reduzir o impacto na região em que estiver localizado. “Existe uma lei municipal e cabe à Prefeitura de Aracaju coibir a cobrança e nós vamos começar um trabalho no sentido de que não haja essa cobrança”, afirmou Elber Filho.
Há cerca de 15 dias, o líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, deputado estadual Venâncio Fonseca, cobrou agilidade na tramitação de um projeto de lei de sua autoria que proíbe a cobrança pelo uso do estacionamento em shoppings, supermercados e universidades em âmbito estadual. O parlamentar disse que quando deu entrada no PL ainda nem se cogitava a cobrança pelos shoppings e o projeto tinha cunho apenas preventivo. “Mas já estamos preocupados com a possibilidade da cobrança, diante das notícias que têm sido veiculadas na imprensa”, disse Venâncio, ressaltando que o objetivo é fazer com que o cidadão não seja ainda mais onerado.
Texto: Edjane Oliveira
Fonte: Jornal da Cidade
|